De:Amalia
Para:Andressa Ganacin
A Menina mulher Interior
As vezes as mulheres ficam cansadas e irritadas à espera de que seus
parceiros as compreendam. "Por que eles não conseguem saber o que eu
penso, o que eu quero?" Elas ficam exaustas de fazer essa pergunta. No
entanto, existe uma solução para esse dilema, uma solução prática e
eficaz.
Se a mulher quiser que seu parceiro tenha esse tipo de
receptividade, ela lhe revelará o segredo da dualidade da mulher. Ela
lhe falará sobre a mulher interior, aquela que, somada a ela mesma,
formará duas. Isso ela consegue ao ensinar seu parceiro a fazer duas
perguntas de uma simplicidade enganosa que farão com que ela se sinta
vista, ouvida e conhecida.
A primeira pergunta é a seguinte: "O que
você quer?" Quase todo mundo faz alguma versão dessa pergunta, mas de
forma automática. Existe, porém, uma pergunta ainda mais essencial. "O
que deseja o seu self mais profundo?"
Quando se ignora a natureza
dual da mulher e se julga a mulher pelo que ela aparenta ser, pode-se
vir a ter uma grande surpresa, pois, quando a natureza primitiva da
mulher emerge das profundezas e começa a se afirmar, é freqüente que ela
tenha interesses, sentimentos e idéias muito diferentes dos que
manifestava antes.
Para tecer um relacionamento seguro, a mulher
também fará as mesmas perguntas ao parceiro. Como mulheres, aprendemos a
reunir as forças dos dois lados da nossa natureza e da dos outros
também. A partir da informação que recebemos reciprocamente dos dois
lados, podemos determinar com clareza o que é mais valorizado e como
reagir de acordo com isso.
Quando a mulher consulta sua própria
natureza dual, ela está cumprindo o processo de olhar, examinar e sondar
o material que está para além do consciente, sendo, portanto, muitas
vezes surpreendente no seu conteúdo e no seu tratamento, e quase sempre
de imenso valor.
Para amar uma mulher, o parceiro deve também amar sua natureza primitiva.
Se
a mulher aceitar um companheiro que não possa amar ou que não ame esse
seu outro lado, ela sem dúvida acabará arrasada sob algum aspecto e
deixada a vaguear cambaleante, em desmazelo.
Portanto, os homens,
tanto quanto as mulheres, devem identificar suas naturezas duais. O
amante mais querido, o pai mais valorizado, o amigo ou "homem selvagem"
mais valioso é aquele que deseja aprender. Quem não se delicia com o
aprendizado, quem não é atraído por novas idéias ou experiências não
conseguirá passar do marco de estrada junto ao qual está descansando
agora. Se existe uma força que alimenta a raiz da dor, ela é a recusa a
aprender além do momento presente.
Sabemos que a criatura Homem
Selvagem está à procura da sua própria mulher terrena. Com medo ou não, é
um ato de profundo amor o de se permitir ser perturbado pela alma
primitiva dos outros. Num mundo em que os seres humanos têm tanto medo
da "perda", existe um excesso de muralhas protetoras contra o mergulho
na numinosidade de outra alma humana.
O companheiro certo para a
Mulher Selvagem é aquele que tem uma profunda tenacidade e resistência
de alma, aquele que sabe mandar sua própria natureza instintiva ir
espiar por baixo da cabana da alma de uma mulher e compreender o que
vir e ouvir por lá. O bom partido é o homem que insiste em voltar para
tentar entender, é o que não se deixa dissuadir.
Portanto, a tarefa
primitiva do homem consiste em descobrir os nomes verdadeiros da mulher,
não em usar indevidamente esse conhecimento para ganhar controle sobre
ela, mas, sim, para captar e compreender a substância numinosa de que
ela é feita, para deixar que ela o inunde, o surpreenda, o espante e até
mesmo o assuste. Também para ficar com ela. Para entoar seus nomes para
ela. Com isso os olhos dela brilharão. E os dele também.
No entanto,
para que não descansemos antes da hora, há ainda um outro aspecto da
identificação da dualidade, um aspecto ainda mais apavorante, porém
essencial a todos os amantes. Enquanto um lado da natureza dual da
mulher pode ser chamado de vida, a irmã "gêmea" da vida é uma força
chamada morte. A força chamada morte é uma das bifurcações magnéticas do
lado selvagem. Se aprendermos a identificar as dualidades, acabaremos
dando de cara com a caveira descarnada da natureza da morte. Dizem que
só os heróis conseguem suportar a visão. O homem selvagem sem dúvida
consegue. A mulher selvagem, sem a menor sombra de dúvida, consegue. Na
realidade, eles são inteiramente transformados pela visão.